Por: Vik Mör.
"Todos
esses pássaros audazes, que voam ao longe, ao mais longínquo - certamente! em
algum lugar não poderão ir mais longe e pousarão sobre um mastro ou um mísero
recife - e, além do mais tão gratos por esse deplorável pouso! Mas quem poderia
concluir disso que adiante deles não há mais nenhuma descomunal rota livre, que
eles voaram tão longe quanto se pode voar. Todos os nossos grandes mestres e
precursores acabaram por se deter, e não é com gesto mais nobre e mais gracioso
que o cansaço que se detém: também comigo e contigo será assim! Mas que importa
isso a mim e a ti! Outros pássaros voarão mais longe! ... E para onde queremos
ir? Queremos passar além do mar? Para onde nos arrasta esse poderoso apetite
que para nós vale mais que qualquer prazer? Mas por que precisamente nessa
direção, para lá onde até agora todos os sóis da humanidade declinaram? Talvez
um dia dirão de nós que também nós, navegando para o Ocidente, esperávamos
alcançar umas Índias - mas que nosso destino era naufragar no infinito? Ou,
meus irmãos! Ou?" Aurora, último aforismo.
Onde queremos
chegar? Não poderíamos dizer, pois não partimos com um ponto claro de chegada.
Todas estas são perguntas que podem muito bem nunca ter uma resposta clara, mas
não tem problema, afinal, há um mar inteiro à nossa frente!
Sim, uma
“descomunal rota livre”! Sentimos a brisa marítima, e agradecemos àqueles que
vieram antes de nós, que voaram longe, percorreram caminhos, abriram trilhas,
mostraram Razões Inadequadas. Levamos isso em conta, é uma honra continuar de
onde eles pararam. Sentimos o peso do martelo nas mãos, quantos ídolos ainda
não há para derrubar? E muitas vozes se levantarão ao som das primeiras
marteladas! Nós, nem os primeiros, nem os últimos a mostrar a falsidade de
todos os ideais, todo absoluto.
Não, não paremos
por aí! Sentimos a necessidade de criar! Superamos Platão! Queremos algo novo,
algo nosso, outra razão, outra verdade (ou até mesmo, nossas próprias
mentiras). Nós, que cada vez mais aprendemos a amar a realidade do devir! O
retorno da diferença!
Eis o que pensa
Nietzsche, eis o que pensa a reflexão.
Que nosso amor
ao mundo fale mais alto que qualquer ideal! Trazemos uma via alternativa, um
pensamento afirmativo: não queremos ser enquadrados, encaixados, normatizados,
disciplinados, adequados. Que nossas asas batam com força, queremos subir alto!
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