Tenho a impressão (não somente
eu, mas outros autores também) de que não vivemos, estamos marchando e não
sabemos a direção. Isso por que a nossa vida está perdida no meio da técnica e
do sistema de lucro. O mundo de vida se tornou um bem de mercado. Porém na
‘compra’ desse bem de mercado não garantimos a ‘compra’ da vida e das suas
esferas. Aliás, é necessário refazer essa frase. Quem realmente consegue ter
acesso ao mundo de vida, para além do trabalho, e realmente viver? Supostamente
nós da classe trabalhadora temos pouquíssimo acesso.
É de se indignar que tenhamos que passar uma vida trabalhando
para ter acesso aos bens básicos de sobrevivência, e que esse trabalho muitas
vezes não é valorizado tampouco recebe remuneração adequada. E nessa luta,
sabemos administrar o pouco que conquistamos? Sabemos utilizar nosso dinheiro
para viver ou acabamos por gastar com o que nos é empurrado guela abaixo?
Suponho que grande parte do dinheiro é gasto com coisas que não irão nos
acrescentar em nada.
Além disso, me pego pensando nas
mudanças que ocorreram na forma de fazer coisas básicas da vida. Outro dia
visitando meu irmão, notei minha sobrinha de 4 anos vendo vídeos no youtube de
brincadeiras. Ela não estava brincando com uma boneca, ela estava vendo vídeos
de crianças brincando de boneca. Isso me fez pensar em como estamos numa lógica
de assistir ao mundo e não viver, coisa que a tecnologia dá amplo acesso.
Quantas horas passamos assistindo séries e filmes, olhando as redes sociais, ao
invés de viver as coisas que estamos assistindo? O que nos impede? É bom
sentarmos na frente da tv depois de um dia cansativo e assistir aquela série
sobre viagem, família, amor. Mas por que não somos nós viajando, e vivendo com
a família e amando? Aliás, quem são o ‘nós’? Pois nem todos tem acesso a essa
tecnologia.
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