Por: Lareitov Cândido
Definir o que é liberdade não
parece ter sido uma tarefa simples em vários momentos da história humana. Pela
liberdade a França revolucionária teve a chamada fase do terror; Cuba
revolucionária mandou muitos para o paredón; libertar a terra santa custou tantas
vidas inocentes quanto as Cruzadas....
“Um grande livro é um grande
mal”, disse o poeta alexandrino Calímaco (Russell, 2002). Vou interpretar essa
frase considerando que o grande livro seja a vida; a vida em sua plenitude. Que
perigo estamos vivendo no Brasil no momento atual. Buscamos a tão procurada
liberdade onde ela menos poderia estar: no padrão; no passado; na verdade
imutável; no retorno; no “correto”; no extremismo; no mito. Em tempos
pretéritos procuramo-la no grito do Ipiranga, na vinda da Família Real, no dia
do Fico, na proclamação da República, nas Diretas Já, na “Revolução de 30”...,
enfim, não procuramos/admitimos em nossa mais singela possibilidade: nossa
brasilidade. É possível que nossa liberdade esteja bem a nossa frente, gritando,
se esperneando, implorando para que paremos de fingir ou ser o que não somos.
Certa feita estava um ex-presidente desta república dando uma aula magna numa
universidade europeia e um estudante o indaga: - como é o povo brasileiro? Dr
Fernando H Cardoso responde sem titubear: - o povo brasileiro é fosquinha.
Infeliz definição? Pode ser que sim, pois a definição o incluiu. Aquele governo
fingiu que governava para o povo..., assim como tantos outros... Mas e o povo
brasileiro? Este sim deve parar de fingir que procura instruir-se sobre
política, democracia, economia, religiosidade, futebol, História, Geografia,
Matemática, Sociologia, Filosofia..., Vivemos uma república de Fosquinhas
instruídos por redes sociais, blogs, fake News. Estamos alimentando o ambiente
propício para a intolerância, demagogia, hipocrisia. “Querem nos controlar, mas
são todos descontrolados” (grande D2). Fosquinha é: ato de disfarçar,
dissimular algo; disfarce, fingimento.
Jamais alcançaremos a liberdade,
não importa de que liberdade estamos falando: política, religiosa, econômica,
social, ideológica..., se não tivermos a coragem de superar o “complexo de
Édipo” com a mãe Europa, e começar a ver o Brasil e o brasileiro como eles
realmente são. Um país laico, de pessoas pobres e bem intencionadas que são
privadas de boas escolas, boa saúde, boas estradas, segurança, bons salários,
boas universidades, enfim, de boa educação. Todo este descaso,
instituído/legitimado, traz como consequência imediata a falta de liberdade em
todos os sentidos. Procure um bom livro, amigo, jamais finja que você é o que
não é. Exemplo: rico não financia carro. Nem financia casa. Nem faculdade. Nem
viagens. Isso é coisa de pobre. Vem pra luta!
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