Por: Prof. Dr. Alex Sander da Silva
A constatação de que vivemos em um mundo de desigualdades, em que levam um enorme contingente de pessoas a viverem em condições subumanas, com os piores indicadores sociais, nos mostra que a humanidade ainda não “evolui”. Ainda existe um abismo social em que poucos vivem com muito e muitos vivem quase sem nada. E quando fizemos o recorte na relação entre brancos e negros esse abismo ainda é maior.
Ou seja, existe uma diferença visível e gritante no acesso à direitos básicos como emprego, saúde, educação e moradia, entre brancos e negros. Pretendemos apontar aqui em três episódio o mapa (dados) da desigualdade que assola a vida de milhões de pessoas negras. O primeiro episódio está relacionado ao mercado de trabalho:
No mercado trabalho, a taxa de desemprego entre negros e negras é cerca de 40% maior do que aquela verificada entre brancos. Dentre o enorme contingente de miseráveis que o sistema capitalista produz diariamente, negros e negras são algo em torno de 64% dos pobres e 69% dos indigentes. Ou seja, do total de pobres, 33,7 milhões são negros (contra 19 milhões de brancos) e 15,1 milhões são indigentes (somando-se a 6,8 milhões de brancos).
Também no que se refere à questão salarial, é preciso se dar uma especial atenção para as consequências do racismo. Pois os estudos do Dieese mostram que os homens negros ganham em média 50% menos que os brancos e as mulheres negras em média 70% menos. Segundo dados Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por exemplo, quando para cada R$ 100 pagos para um homem não-negro, uma mulher não-negra ganha R$ 62,5, um homem negro recebe R$ 50,6 e uma mulher negra ganha R$ 33,6. (Censo 2010).
Segundo os dados do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) pelo Sistema PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego), os negros eram maioria na População Economicamente Ativa – PEA, nas regiões analisadas: Fortaleza (83,0%), Recife (77,7%) e Salvador (92,4%). Em São Paulo eram 38,4%, e, em Porto Alegre, ficava em apenas 13,3%. Apesar desse número expressivo, independentemente do peso relativo da população negra, a proporção de negros desempregados é sempre superior a de negros ocupados.
Para André Cardoso (economista do DIESSE), fica evidente ao analisar o mercado de trabalho no Brasil que o racismo ainda é estrutural, necessário para a manutenção da sociedade capitalista que vivemos, mantendo a população negra na mesma condição subalterna de exploração, com menores salários e, ainda que ocupando os mesmos postos de trabalho, e com o mesmo tempo de estudo, remunerado de forma diferente.
No dizer do economista “a ideia de que há condições para que o negro possa aproveitar as linhas de capilaridade social para ascender, por meio da adoção explícita das formas de conduta e de etiqueta dos brancos bem‐sucedidos, não passa de uma falácia, a dita democracia racial”.
Nas palavras do professor Darcy Ribeiro: “Ou bem há democracia para todos, ou não há democracia para ninguém, porque à opressão do negro condenado à dignidade de lutador da liberdade corresponde o opróbio do branco posto no papel de opressor dentro de sua própria sociedade”.
É preciso retomar as lutas e enfrentar o racismo e as contradições que a população negra no Brasil tem de superar é uma tarefa de todos que têm o compromisso com uma sociedade justa e igualitária.
FONTE:
http://brasildebate.com.br/negro-no-mercado-de-trabalho-as-desigualdades-persistem-e-sao-profundas/
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